Mutirão da Defensoria transforma vidas e reacende a esperança de famílias com filhos autistas em Roraima

Adriana, Wellida e Erlângio têm muito mais em comum do que o diagnóstico de autismo dos seus filhos. As três histórias se entrelaçam em uma mesma busca por acolhimento, dignidade e direitos garantidos, por meio do Mutirão da Inclusão da Defensoria Pública de Roraima. A ação provou que, quando o serviço público é feito com empatia, ele ultrapassa a burocracia e se transforma em ferramenta de transformação social.

Adriana Barbosa dos Santos carrega no olhar a força de quem já venceu o impossível. Mãe da pequena Alicia Vitória, de apenas três anos, Adriana viu a filha renascer após um parto traumático no Rio de Janeiro, que resultou em asfixia gravíssima e paralisia cerebral. 

Hoje, Alicia enfrenta os desafios do autismo, da paralisia cerebral e da alimentação especial. Em busca do Benefício de Prestação Continuada (BPC) há dez meses, a mãe viu no Mutirão da Inclusão uma luz no fim do túnel. Com o apoio da Defensoria, Adriana agora sonha em ver Alicia não apenas sobrevivendo, mas vivendo plenamente. “Eu só quero que ela tenha a oportunidade de crescer com dignidade.”

A história de Wellida Souza da Conceição não é muito diferente. Ela sabe, na pele, o que é carregar o mundo nos braços. Mãe do pequeno José Ítalo, de seis anos, ela luta sozinha para garantir ao filho, diagnosticado com autismo, o mínimo de assistência. “Meu filho é doce, carinhoso. Mas sem apoio, ele está regredindo. Eu também estou cansada. É muita dor, muito medo, muita solidão”, desabafa.

Welida conta que está na fila de espera em várias unidades para tratamento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas até agora não chegou a vez do José ser chamado. Sem acesso às terapias adequadas há mais de um ano e enfrentando contas de energia que consomem quase todo o auxílio do pequeno, Wellida enxergou no Mutirão da Inclusão uma esperança concreta. “Aqui, eu não encontrei apenas escuta. Consegui encaminhamento para novas terapias e até a possibilidade de um professor auxiliar para ele na escola.”

Em outro canto de Roraima, uma família também soube do Mutirão da Inclusão e decidiu buscar apoio. Erlângio Rodrigues Messias, agricultor da Comunidade Indígena Malacacheta, no município do Cantá, saiu cedo de casa. Com a esposa e a filha, ele percorreu quilômetros até a capital para buscar o que o tempo e a distância haviam lhe negado: o direito de sua filha adolescente, diagnosticada com autismo e déficit de atenção, ao BPC.

“A gente acorda bem cedinho, acompanha o jornal da manhã. E aí apareceu que a Defensoria Pública estaria fazendo a segunda edição do Mutirão da Inclusão em Boa Vista. E não pensamos duas vezes. Sem medir esforços, fomos para estar presentes com nossa filha”, contou o agricultor, animado na busca pelos direitos da filha, Kayra Cadete Messias.

Erlângio está em busca do auxílio BPC e de acompanhamento multidisciplinar para Kayra. Ele relembra que já tentou outras vezes e nunca conseguiu. Agora, o pai se sente esperançoso e enaltece o trabalho da instituição. “Esse trabalho da Defensoria com o INSS é um excelente trabalho. Porque hoje, no INSS mesmo, para você agendar, encaminhar documentos, fazer perícia, é muito ‘dificultoso’. Agora, com a Defensoria aqui, tudo foi diferente. Acolhimento, orientação, rapidez. A gente sente que não está sozinho”, afirmou.

Foi essa realidade que o Mutirão da Inclusão, promovido pela Defensoria de Roraima e parceiros, mostrou em Boa Vista, ao acolher famílias que têm em comum uma missão silenciosa e desafiadora: cuidar de filhos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras condições especiais.

“Essas famílias não pedem favores. Elas reivindicam direitos constitucionais. As mães e pais que chegam aqui estão cansados de tanto bater de porta em porta. Conseguir esse atendimento é, para muitos, uma vitória. A gente vê o olhar desses pais e mães com seus filhos, buscando assistência. Alguns comentam que tentavam há anos e não conseguiam. Nosso compromisso é garantir que sejam acolhidos com respeito e dignidade”, garantiu o defensor público Rogenilton Ferreira.

Fonte: ASCOM DPE-RR