Roraima não conta com uma norma específica sobre o “Fevereiro Laranja”, campanha de estímulo à doação de medula óssea. No entanto, a Lei nº 1.326/2019, da ex-deputada Lenir Rodrigues, “dispõe sobre a isenção do pagamento de taxa de inscrição em concursos públicos estaduais aos doadores”. A proposta é uma forma de incentivar mais cadastros no banco do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) e destacar a importância da doação.
As ações durante o mês são dedicadas à conscientização sobre a leucemia, um tipo de câncer que acomete, inicialmente, a medula óssea, atrapalhando a produção de células sanguíneas saudáveis, o que pode ocorrer em crianças e pessoas mais velhas.
O fisioterapeuta Lauro Cavalcante contou que, a princípio, se tornou um doador “por curiosidade” e, menos de um ano após se cadastrar no Hemocentro de Roraima, foi convocado para doar.
“Com menos de um ano, fui chamado e encontrada essa compatibilidade. Atendi ao convite e fui super bem recebido, fiz todos os exames e o pessoal foi bem receptivo. Então, foi um processo bem legal e fiquei satisfeito com o resultado”, relembrou.
De acordo com Liliana Bezerra, enfermeira de captação de sangue do Hemocentro, atualmente o Estado dispõe de uma cota razoável de doadores, e não está abaixo do estoque.
“Agora, nós estamos no período de manutenção. Temos uma cota anual de 464 doadores, mas, em outros momentos, já captamos mais pessoas para doar. Porém, nesse momento, o banco nacional não tem necessidade de captação em grandes quantidades, porque ele tem mais de cinco milhões de doadores cadastrados”, salientou.
Ainda de acordo com ela, além da leucemia, o transplante de medula trata ainda, aproximadamente, outras 80 doenças.
“Quando você se torna um doador de medula óssea, tem a possibilidade de salvar uma vida. Normalmente, as pessoas que precisam do transplante já procuraram entre os familiares, não encontraram e a doença se tornou crônica. Então, quando o doador entra na vida dessa pessoa, ele permite que ela tenha uma qualidade de vida”, ressaltou.
No Brasil, as chances de um doador ser compatível com alguém é de uma para cada 100 mil doadores. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), por motivos genéticos, as chances de compatibilidade entre irmãos são de 30%, ou seja, bem menores do que se buscada entre doadores não aparentados.
“Ser doador, pode parecer clichê, mas é como você doar vida, porque você está tirando uma parte de si para salvar a vida de outra pessoa, de alguém que, às vezes, não tem mais esperança, e de repente surge essa oportunidade, você vai lá e se doa. É um sacrifício, porque é um procedimento um pouco complicado para o doador, mas vale a pena”, avaliou o fisioterapeuta Lauro Cavalcante.
Para ser um doador, basta ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado de saúde e não possuir doenças infecciosas, como hepatite e HIV. O interessado pode procurar o Hemocentro, que fica na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, 3418, Aeroporto, portando um documento com foto. O cadastro permanecerá ativo no Redome até ele completar 60 anos de idade.
Após ser identificado um potencial doador compatível, ele é contatado a realizar novos testes, além de uma avaliação clínica e laboratorial. O procedimento de doação será agendado depois de confirmada a compatibilidade final do doador ao paciente.
Texto: Suzanne Oliveira
Fotos: Eduardo Andrade/ Jader Souza
SupCom ALE-RR / 1º.02.2023